quarta-feira, 16 de novembro de 2011

A Música e Eu

Gostaria de aproveitar este espaço para compartilhar com os nobres internautas, e, ao mesmo tempo, eternizar online um pouco da minha trajetória musical, iniciada em janeiro de 1989.

Enquanto um muro estava pra cair em Berlim eu me via tocando trompa na calçada lá de casa.

O início

Domingo, 7 de maio de 1989, Dia das Mães, re-estreava, depois de um longo período desativada, a nova formação da Banda de Música Orlando Leite, mais conhecida como Banda de Música Municipal de Hidrolândia ou vulgarmente "a bandinha" (o que soa meio que pejorativo - quer ver um músico zangado, chame a banda de bandinha), sob a regência do Maestro João Rodrigues Magalhães (Joãozinho Rufino).

Formação de 1989: Luiz Martins, Arildes Xavier, Gentil, Luizão do Lúcio, Arlindo, Arióston, Ant.º Paiva, Euclides do Tibite, Das Chagas, Alcides Xavier, Rúbens, Ledilson e Antonino - Regente: Joãozinho Rufino.

O processo de aprendizado foi considerado insuficiente, pois foram apenas 4 meses de preparação e tínhamos previsão de estreia para agosto do ano em curso, nas festas religiosas da cidade, e acabou tendo a primeira apresentação antecipada para maio, e o que é pior, só tivemos conhecimento quando faltava uma semana para o Dia das Mães. Nossa sorte foi termos alguns músicos veteranos ainda na ativa, que garantiram o sucesso da missão, pois os músicos novos ainda não tinham preparo musical para tal proeza. O resultado foi metade dos componentes "dublando", e eu era um deles.

Muitas ocupações dividiam a atenção do nosso Maestro, como a profissão de professor, a atividade de músico profissional em um conjunto da Cidade de Ipu cujo nome era "Som Maior", dentre outras, que culminaram com o seu afastamento em definitivo no segundo semestre de 1991. Muito do meu aprendizado inicial veio de dois músicos veteranos, Arildes e Alcides Xavier, amigos que dividiram sua experiência comigo e com quem vivi aventuras e momentos musicais muito bons. Foi neste tempo que eu migrei da trompa para o trompete.

Para suprir nossa necessidade de um regente, contrataram o Maestro José Américo de Brito (Zé Ferreira), da cidade de Carnaubal, com quem segui meu aperfeiçoamento musical, pelo que posso dizer que, com Joãozinho aprendi a andar e com Zé Ferreira, a dar piruetas. Com seu Zé, aprendi não apenas a me tornar um "metrônomo humano", mas valorizar a amizade. Com ele recuperei uma coisa que havia perdido, que é o carinho de um pai, que perdi muito cedo. Muitos dos músicos veteranos se gabavam de ter aprendido a beber ou a fumar com o maestro fulano de tal.

 Maestro José Américo de Brito regendo a Banda de música de Carnaubal,
no último Festival de Música da Ibiapaba, em Viçosa do Ceará (07/2011)

Eu não aprendi nada disso! Com seu Zé Ferreira aprendi "Piston de Gafieira", "Saudades de Minha Terra", "Avante Camaradas", "Coração Velho" e tantas outras músicas. O meu amigo me ensinou o compasso seis por oito, a usar o diafragma para controlar a respiração e a preparar um Nescafé nas madrugadas de quarta, quando chegava da Serra da Ibiapaba.

Como tudo passa, em 1993, seu Zé se despede da Banda, cedendo a oportunidade ao Maestro José Cordeiro de Araújo, militar reformado que ficou regente até o ano de 1997, ano este, em que também me despedi do ofício de músico da Banda Municipal.

 Formação de 1997: Arlindo, Luizão do Lúcio, Cesário, Romério, Danilo, Felizberto, Junior, Aldenir, Mário, Antonio, Alcides, Ledilson, João Paiva, Marcos, Antonino, Paulo Sérgio, Gelmo, Antonio Francisco, Arildes, Bosco, Luiz Martins, João e Das Chagas - Regente: Maestro Cordeiro.

Um novo instrumento

Nesta época eu já me dedicava à prática de um instrumento muito gostoso e agradável que é o teclado eletrônico, tendo iniciado o estudo deste em 1996, com pequenas dicas das freiras da Paróquia local, eu tocava nas missas, e as vezes, nos aniversários de amigos, tocava uma MPB aqui outra ali. Mas foi com a imensa e incomensurável ajuda de Francisco Alverne Albuquerque Paiva (Overne), que vim extrair o potencial máximo deste instrumento. Ele me ajudou com a independência das mãos e a solar músicas como o "Tema da Vitória", "Jesus Alegria dos Homens" e alguns forrós como "Queixo de Cobra", e choros como "Tico-Tico no Fubá", "Brasileirinho" e "Pedacinhos do Céu".

Em 1998, passei no vestibular para Tecnologia da Construção Civil. Fui morar em Sobral e lá sofri a influência da música universitária, que na época tinha como ícones Legião Urbana, Cassia Eller, Chico Cesar, entre outros. Então me vi na obrigação de acompanhar as tendências e resolvi que devia aprender a tocar violão. A experiência foi frustrante, pois eu trabalhava 8 horas diárias e não tinha tempo de praticar o instrumento, desisti.

Os anos seguintes foram de muito aprendizado, muita luta, tive muitos discípulos na música, alguns atuando hoje na área secular. Nenhum deles, porém, respondeu a altura do que eu realmente esperava.

O ano 2000 começa com algumas questões em minha cabeça? Será que o mundo vai acabar? E.T.s existem? qual o sentido da vida? Foi em meio a tudo isto e à dúvida entre tocar com a Banda do Dadim ou com a Capital do Urânio, que me veio o convite de um amigo recém convertido ao Cristianismo Protestante, para tocar teclado na Igreja dele. De início achei esquisito, mas depois me pareceu interessante. Foi lá que conheci as 3 pessoas mais importantes da minha vida, e que sem elas jamais poderia ter vida plena: o Pai, que me criou a sua imagem, conforme a sua semelhança; o Filho, meu libertador, que me salvou não por merecimento, mas por amor de mim; e o Espírito Santo, meu Conselheiro, Guia e Consolador. As profecias de que o mundo acabariam naquele ano caíram por terra, e, junto com elas, os seus profetas.

2001 foi complicado, as torres desabaram e com elas o meu emprego temporário do Estado, mas Deus se manteve fiel. Comecei 2002 me perguntando o que eles iriam por abaixo neste ano, mas graças a Deus nada aconteceu.


Iniciei 2003 com uma tremenda frustração. A música da Igreja estava totalmente dentro do meu coração, mas as pessoas que colaboravam comigo não tinham a mesma vontade, nem o mesmo desejo que eu... Foi neste contexto que Deus, em sua infinita misericórdia incitou em mim a vontade de voltar a praticar o violão e me enviou o meu discípulo (padauan) mais perfeito. Eu me vi insuficiente em meus conhecimentos para lapidá-lo, para treiná-lo, mas eu sabia para quem deveria enviá-lo. Ensinei-lhe o caminho e mostrei onde acharia a perfeição.

O aluno se torna o mestre e o mestre se torna o aluno

Ronaldo José de Sousa não é mais o meu aluno, é um mestre, e como tal, merece todo o respeito e reconhecimento por aqueles que estão no meio da música, seja ela gospel ou secular. Diante do seu saber, eu até esqueço que tive outros alunos. Ademais é um ser humano exemplar, servo de Deus dedicado, e com certeza, será um ótimo chefe de família, tendo em vista que tem ao seu lado o par idôneo. E tudo em que tocar será abençoado.

 Márcia, Alves, Ronaldo e sua Raissa no IV Aniversário da
IAD Missão Maranata (10/2011)

Em outubro de 2010, volto a tocar trompete, agora somente para Deus.

Hoje sabemos de onde viemos e qual foi o propósito de Deus em nossas vidas. Eu precisei passar por tudo que aqui citei para chegar onde Deus queria que eu estivesse neste exato momento. E, não há outro lugar onde eu quisesse estar que não fosse na Casa do Senhor, exaltando o Seu Santo Nome com amor.
 
A música foi a forma que Deus utilizou para me levar ao conhecimento d'Ele. Talvez, com você também seja assim, ou talvez não, porque quem decide isso é Ele. Eu não escolhi servir ao Senhor. Ele me amou primeiro e me escolheu. Por isso:

Louvarei ao Senhor durante a minha vida;
cantarei louvores ao meu Deus enquanto eu for vivo (Salmo 146:2)

Um grande abraço!
Até a próxima!

2 comentários:

Anônimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Professora disse...

Chaguinha,amei a postagem.Chorei muito,muito ,muito quando vi a foto antiga da banda .Uma saudade tão gostosa,pensamentos que vieram a tona,lembranças maravilhosas que vc está incluído nelas .Lembrei daquele dia que ia pra Canindé naquele pau de arara e te encontrei em plena praça,lembra?Saudades de ouvir a tua voz diferente rsrsrsrsrsr.É ,o tempo passou,cada um de nós tomou rumos diferentes ,mas as lembranças essas ficam eternizadas no coração.Bjs

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