quinta-feira, 28 de novembro de 2013

QUANDO O SURDO FALA, O MUDO SE CALA!



 
Já há algum tempo é utilizado o termo inclusão para se referir à alguma forma de geração de oportunidades e acessibilidade às classes minoritárias e a portadores das mais diversas deficiências no território brasileiro. Parece até que incluir virou bordão para ascensão de pessoas oportunistas ao poder. Neste contexto, a surdez entra como um coadjuvante dos problemas (inverdade) com que o governo e a sociedade têm de se preocupar.

Convém, aqui, lembrar que, a comunidade surda, cuja história é marcada por lutas contra o preconceito, batalha atualmente pelo direito de se representarem não como deficientes, mas como sujeitos com uma cultura própria, tendo a Língua Brasileira de Sinais como primeira língua. E isso já faz um bom tempo.

Desde a criação da lei que regulamenta o ensino de Libras nas instituições, pode-se dizer que muito já foi feito. Ainda assim, o que se observa é que, em mais de uma década de sanção de tais leis, a evolução no que se refere a difusão da libras tem sido mínima se comparada ao ensino de outras línguas.

É até compreensível, quando se apoia na justificativa de que faltam profissionais para atuarem na área do ensino da língua. Mas, 10 anos não são dez dias e, apesar de já ter-se evoluído bastante nessa década, e de esta não ser uma situação nova, pois a Língua Brasileira de Sinais existe desde o século XVII, e, diante de tantos programas e projetos de alfabetização, que aos trancos e barrancos, vão se disseminando Brasil a fora, não haja um voltado aos interesses da cultura surda. E há, claro, vários... porém, nenhum que intencione o estabelecimento de uma língua para predominar juntamente com o português, como uma segunda língua do brasileiro e não unicamente da comunidade surda.

O olhar sobre a surdez ainda ocorre de fora pra dentro, quando deveria ser de dentro pra fora. Veja-se, não é o surdo que não consegue se comunicar com o mundo ouvinte (e falante), é este que não tem capacidade adentrar a cultura surda. É preciso que se entenda que a deficiência não está naquele e sim neste, pois qualquer que domine a primeira língua da cultura surda estabelece comunicação. O problema é que os cursos e institutos de libras são voltados para pessoas surdas e seus familiares e não para o ensino de uma língua para uma nação.

A legislação inclui o ensino de libras no ensino básico, mas esbarra na falta de profissional com qualificação para ensinar. Só agora, estão aparecendo os primeiros cursos de especialização na área, e, como se não bastasse, são poucas as instituições que os oferecerem.

Assim, como nos casos em que são criados projetos voltados a educação de jovens e adultos, nos quais são contratados pessoal sem qualificação para a tarefa de alfabetização, no Brasil, existem milhares de pessoas ouvintes que se comunicam com a Libras por questão de necessidade, por ter um familiar ou conviver com pessoas surdas. Obviamente, não proficientes da língua, mas que poderiam, muito bem, atuar nesta área que deveria estar em expansão. Então, é possível ter uma abrangência maior no ensino da Libras, a questão é se é de interesse geral. Acho que não.

A nação brasileira fala várias línguas só não fala a libras, porque, para muitos, não é levada a sério. Então, quando o surdo fala, o ouvinte tem que se calar porque não está preparado para estabelecer uma interação com este.

Eu, particularmente, sou defensor da ideologia de que cada cidadão brasileiro comece aprender a LIBRAS, já no ensino básico.

Abraço galera!
Até a próxima.

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