Já há algum tempo é utilizado o termo
inclusão para se referir à alguma forma de geração de oportunidades e acessibilidade às classes
minoritárias e a portadores das mais diversas deficiências no território brasileiro.
Parece até que incluir virou bordão para ascensão de pessoas oportunistas ao
poder. Neste contexto, a surdez entra como um coadjuvante dos problemas
(inverdade) com que o governo e a sociedade têm de se preocupar.
Convém, aqui, lembrar que, a comunidade surda, cuja
história é marcada por lutas contra o preconceito, batalha atualmente pelo
direito de se representarem não como deficientes, mas como sujeitos com uma
cultura própria, tendo a Língua Brasileira de Sinais como primeira língua. E
isso já faz um bom tempo.
Desde a criação da lei que regulamenta o
ensino de Libras nas instituições, pode-se dizer que muito já foi feito. Ainda
assim, o que se observa é que, em mais de uma década de sanção de tais leis, a
evolução no que se refere a difusão da libras tem sido mínima se comparada ao
ensino de outras línguas.
É até compreensível, quando se apoia na
justificativa de que faltam profissionais para atuarem na área do ensino da
língua. Mas, 10 anos não são dez dias e, apesar de já ter-se evoluído bastante
nessa década, e de esta não ser uma situação nova, pois a Língua Brasileira de
Sinais existe desde o século XVII, e, diante de tantos programas e projetos de
alfabetização, que aos trancos e barrancos, vão se disseminando Brasil a fora,
não haja um voltado aos interesses da cultura surda. E há, claro, vários... porém,
nenhum que intencione o estabelecimento de uma língua para predominar
juntamente com o português, como uma segunda língua do brasileiro e não
unicamente da comunidade surda.
O olhar sobre a surdez ainda ocorre de fora
pra dentro, quando deveria ser de dentro pra fora. Veja-se, não é o surdo que não
consegue se comunicar com o mundo ouvinte (e falante), é este que não tem
capacidade adentrar a cultura surda. É preciso que se entenda que a deficiência
não está naquele e sim neste, pois qualquer que domine a primeira língua da
cultura surda estabelece comunicação. O problema é que os cursos e institutos
de libras são voltados para pessoas surdas e seus familiares e não para o
ensino de uma língua para uma nação.
A legislação inclui o ensino de libras no
ensino básico, mas esbarra na falta de profissional com qualificação para ensinar. Só agora, estão aparecendo os primeiros cursos de especialização na
área, e, como se não bastasse, são poucas as instituições que os oferecerem.
Assim, como nos casos em que são criados
projetos voltados a educação de jovens e adultos, nos quais são contratados
pessoal sem qualificação para a tarefa de alfabetização, no Brasil, existem
milhares de pessoas ouvintes que se comunicam com a Libras por questão de
necessidade, por ter um familiar ou conviver com pessoas surdas. Obviamente,
não proficientes da língua, mas que poderiam, muito bem, atuar nesta área que
deveria estar em expansão. Então, é possível ter uma abrangência maior no ensino da Libras, a questão é se é de interesse geral. Acho que não.
A nação brasileira fala várias línguas só não
fala a libras, porque, para muitos, não é levada a sério. Então, quando o surdo
fala, o ouvinte tem que se calar porque não está preparado para estabelecer uma
interação com este.
Eu, particularmente, sou defensor da ideologia de que cada cidadão brasileiro comece aprender a LIBRAS, já no ensino básico.
Abraço galera!
Até a próxima.
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